A propaganda é a alma do negócio.... será?
Que a
propaganda é a alma do negócio, eu não tenho dúvidas, mas também não tenho
dúvidas que um bom produto é a alma do negócio, que um atendimento diferenciado
é a alma do negócio, que um preço adequado aos anseios de seus consumidores....
também é a alma do negócio, ou seja, a alma do negócio são todas as
estratégias de marketing que uma empresa usa, não para vender um produto, mas
para encontrar uma forma de satisfazer as necessidades e desejos de seus
consumidores e torná-los pessoas melhores, cidadãos conscientes de seus diretos
e deveres e que possam contribuir com um mundo melhor para as gerações futuras.
Mas, como estamos falando de propaganda como uma excelente ferramenta
estratégica de negócios, vamos à ela.
A propaganda,
apesar de muitos teóricos já difundirem há muito, mas muito tempo mesmo, que
essa estratégia de marketing está com os dias contados, eu ainda acredito que seja
uma das mais criativas formas de apresentar ao mercado o que uma empresa tem de
diferente das demais para oferecer aos seus consumidores. Por mais que insistam
que, com o excesso de comunicação pelos quais os consumidores são abordados
durante um dia normal de seu cotidiano, no qual eles acabam por criar um escudo
protetor para se proteger de tantos estímulos comerciais e, assim, dificultando
o uso dessas estratégias, ainda acredito que exista espaço para mensagens
criativas que consigam romper esse bloqueio criado pelos seus consumidores.
Isso quer dizer que ainda continua sendo a alma do negócio, mas cuidado para
que a sua propaganda não se torne a alma do negócio de outras empresas e não da
sua.
Você já notou
que algumas propagandas são tão marcantes que lembramos dela à todo momento,
comentamos com os nossos amigos na roda do café, compartilhamos nas redes
sociais mas, no momento de lembrar o nome da marca..... nada? Dá um branco, e acabamos
por desconversar sobre o assunto? Fique tranquilo, a culpa não é sua. Apenas a
propaganda, por mais criativa que seja, não conseguiu atingir o objetivo
principal, que é o de comunicar a marca, o produto ou a empresa.
Um dia desses
eu estava em uma roda de cafezinho conversando com um professor de publicidade
e propaganda, e surgiu esse assunto. Os demais que estavam presentes quiserem
se inteirar da conversa e, como bons profissionais da área que somos, começamos
a explicar que isso ocorre com algumas propagandas, e para exemplificar a nossa
linha de raciocínio, citamos o caso da Verão em sua campanha de cerveja que
fez, e ainda faz, um grande sucesso nos meios de comunicação de massa. Para a
nossa surpresa, uma grande parte das pessoas que estavam presentes na roda de
café lembravam da propaganda (e muito bem, porque eram homens em sua maioria),
porém não lembravam da marca da cerveja. Isso me intrigou e, no mesmo dia, fiz
essa pergunta aos meus alunos em uma turma do curso de marketing. Para minha
surpresa, apenas uma parte dos alunos lembravam da marca de cerveja, mas da
moça personagem símbolo da campanha, todos lembravam. Fiz a mesma pergunta em
outra sala e ..., os mesmos resultados.
Levantei
inicialmente algumas teses sobre o assunto. Isso poderia ser um pouco de nosso
instinto reptiliano agindo, e literalmente, fazendo com que os olhos dos homens
se concentrassem mais na mulher do que na marca? Mas, e as mulheres, porque não
perceberam a marca? Porque não são o público alvo da empresa? Ou que a marca
não estivesse bem posicionada no momento da propaganda, perdendo ou brigando
por um espaço de atenção com a modelo? Ou que talvez os alunos e os professores
não fossem o público alvo da empresa?
Conjecturas ou
teses de um marketólogo que adora questionar o marketing ao seu redor à parte,
o que podemos entender é que, por mais que a propaganda seja criativa, talvez,
para um público importante para a empresa, a mensagem publicitária da marca de
cerveja pode não ter sido mais eficaz. Isso porque ao invés de fazer propaganda
da marca que patrocinou essa estratégia de comunicação, acabou por destacar o
segmento do produto, o segmento de cerveja, e todas as demais marcas que brigam
pela atenção do consumidor dentro dessa categoria específica. Uma grande parte
dos consumidores vinculou a propaganda a categoria de cervejas, e não a marca
tema da propaganda. Bom para as demais marcas da categoria, mas para a empresa
patrocinadora da estratégia de marketing, talvez nem tanto.
Portanto,
lembre-se de uma famosa máxima da propaganda como estratégia de marketing, e de
seus objetivos organizacionais. Uma propaganda deve responder ao modelo AIDA,
ela deve chamar a Atenção, despertar o Interesse do público alvo, causar Desejo
e finalmente, levar a Ação – a compra ou ao menos a lembrança da marca e
produto. Se a sua campanha não completar o ciclo, faça uma revisão, caso
contrário, a propaganda continuará a ser a alma do negócio, mas do negócio dos
outros. Seja criativo no momento de propagar a sua marca. Lembre-se que o
objetivo é propagar a sua marca, e não a categoria do produto e
consequentemente, de seus concorrentes.
ps.: E você, lembra qual a marca da cerveja da
Verão?